domingo, 8 de julho de 2012

Domingo


I
A nossa estrela sumiu e não há mais onde ao qual revisitar
Lamentavelmente num suspiro idêntico ao primeiro
O mundo em que nos refugiávamos num dia
Não existe mais senão em memórias curtas
E desenhos confinados em molduras frias
Devaneios sem sequer perspectiva
O inverno inventado, e ainda me aqueço no frio dessa noite
Com nada mais que os sedimentos trazidos com os dias..


No meio do sono desperto sob camadas de tinta
Envolto num ontem que jamais amanheceu embora cansado
Viagem longa e o amor que obtive em troca
Pois hoje não é preciso mais do que sua natureza morta
Para a noite sumir sem que dela eu me despeça.


II
O nosso segredo repousa do lado de dentro
Da cápsula do tempo enterrada no quintal 
No silêncio mórbido do hotel num vazio qualquer de domingo
Nas cartas que você escrevia em meio a tanta falta
E o mapa que faz a estrada parecer finita
Hoje o quintal é de concreto
O hotel foi esquecido e seu zunido silente se perde no escuro
As cartas eu não recebi, pois não se sabia de onde vim
E a estrada que resta é somente a minha
Cada dia mais incerta e tortuosa em seus caminhos
E sigo sem saber o porque de tanto seguir.

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