quarta-feira, 13 de abril de 2016

Incansável

Num momento o corpo pesa como um pêndulo
E me perco na sucessão das luzes
Esse talento descritivo disperso
Vai me deixando aos poucos sem recursos
Confuso entre o que de fato preciso
E alguma coisa marcada na página de um livro
Enterrado na sua prateleira entre os espaços 

A incerteza é talvez o maior de meus princípios
E nem me interessa se nisso há algo de errado
Não procuro alimentar essa noção de ser solitário
Muito embora me embriague na solidão dos sentidos
No momento em que nos encontramos entre a fronteira do contato
E a iminência de acordar os vizinhos

Incansável
Os nossos dias se acumulam sem sequer termos envelhecido
O presente se constrói numa réplica de quatro anos passados
E enxergamos de longe nosso auge desaparecido
Ali entre uma porção de dias sem data
E noites repletas de vícios 

A gente só precisa voltar pra casa