terça-feira, 18 de outubro de 2011

Busca

Foi preciso revirar os cantos
Sacudir o quarto, derrubar a estante
Intervir na noite, apagar as luzes dos postes
Até me encontrar no final da estrada,
Rumo ao litoral.
Foi necessário chegar a pouco pra tanto
E na linha onde o céu encontra o oceano
No meio do mar, sob nuvens enfermas
Percebi que efêmero é tudo
E que eterna é minha busca.

sábado, 15 de outubro de 2011

Parte

Eu quero, antes de mais nada
Saber se, depois de tudo, já saí do lugar
Tenho uma cabeça cheia de lamentos cômicos e esquecidos
E na mala, as histórias não acontecidas
Prontas para serem descritas
Me diga se se pode esquecer o que há de haver
Se o que chamo de iminente beira o absurdo
Os sinais nos perseguem, e de tanto aceitar esse não-negar
Gerou-se verdade absoluta e agora estou cego
Agora estou surdo e fora de destino.


Um pouco mais do ar que encontra meu rosto ao sair do trabalho
Da alucinação que acompanha o estado de vigília no sofá
O cinzento do céu e o frio nos pés, desperto em tarde vazia
A razão que a gente faz a cada encontrar, o passar dos dias
Cria em cada grão mais do que uma casca, uma pérola
Sufoca na história seus fins.


Saí pelas ruas à noite, caminhando só
E as correntes de ar do passado passaram, assim que as senti
Levando uma parte grande de mim.