sexta-feira, 20 de abril de 2012

Portão



Por aqui já foi o bastante
Pra deixar essa vida de instante e andar
Aos portões da cidade, e pouco me importa
Se a escada cair lá do alto
Se alguém, por acaso, me achar.


março de 2007

Precoce


Trabalhe o tempo que é novo
Olha que o céu é fosco
Vive, que o caminho é longo
Pára, que amor é pouco
E, por mais que se jogue no abismo
Pouco conhece do precipício
Agarra-te a cada vulto
Livre dos impulsos e vícios


Dorme que a noite é curta
Sonha, que o espaço é tão vasto
Calma, que o caminho é longo
E escasso de significados.
(...)


21 de julho de 2008

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cansaço

O que há em mim é, sobretudo, cansaço
De uma viagem longa num sapato apertado
Final de chuva e aquele céu desgasto
Desenhos confusos na parede do quarto.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Azul Marinho

Quem pode nos dizer o que há lá fora
Senão alguns cães latindo um mendigo na porta
O bebê dos vizinhos ainda chora, a lua sorrindo
E um trovão rasga o céu, a chuva que vem vindo
Podia engolir esse azul marinho.


Infeliz em minha tarefa de apontar causas, não importa
Mas se o dia carece de paz, o oposto do espectro é o que resta


E a noite tem sido longa.

20 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sono

Não há perfume que distraia os sentidos
Brisa que distorça a maré e sustente meus vícios
Não há poeira que invente as linhas nos rostos
Nem tampouco aparato que revele os fantasmas nos livros
Ou quem sabe edifício que obstrua a visão do céu
Estampado por baixo de seu guarda-chuva
Só há tempo que cure, desenhos disformes nas nuvens
E um anjo que dorme enquanto eu procuro sem êxito
Sua porta no meio de um muro sem fim


A história enterrada em camadas de tinta,
Revelou-se profunda, porém natimorta
Uma vez que carece de início, contudo ela repousa desperta
Deixe sua porta entreaberta, leve como seu sono é
E a espera será breve.

domingo, 8 de abril de 2012

A garota com os olhos mais tristes

A garota dos olhos mais tristes daqui deseja sair
Encontrar-se com alguém lá fora que pareça sua casa
Deseja apertá-lo num abraço, saudade já morta
Que a leve nos braços em casa e lhe beije ao chegar a porta


Sua mente vagueia, sua febre não arde, resfria
Sua calma observa as luzes que passeiam
Enquanto a cidade adormece em sua pele macia
Te levo daqui um dia, um dia.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Esquecimento

As linhas infinitas por trás do travesseiro
De um sonho que não quero chamar de meu
A fuga do risco de se tornar um traço
No meio do vasto universo, na cova do esquecimento alheio
Perdido na imensidão do nada que creio
Eu que nem sequer existi até então.